F.W.Murnau foi um dos realizadores mais emblemáticos, a par de Fritz Lang, do exprecionismo alemão , um estilo que tentava descrever emoções subjectivas e as reacções que os objectos e os acontecimentos provocam, e não a realidade objectiva, e que se caracterizou na Alemanha por ter um estilo duro, arrojado e visualmente muito intenso, características essas devido à situação económica ou politica que aquele país vivia devido ao desfecho da 1º grande guerra.
Tecnicamente, a criação da película AGFA de alte contraste foi fundamental para a criação de zonas de claro, sombra, muito utilizados pelos realizadores desta corrente cinematográfica, para assim transmitir sensações acima descritos.
Outros expressões de arte foram uma influencia explicita nesta corrente, como é exemplo da pintura e da arquitectura, a intrusão desta ultima no cinema deu-se verdadeiramente com o Expressionismo Alemão, que nasceu, em grande parte, das dificuldades do pós-guerra, o filme Metropolis de Fritz Lang é um exemplo. Impossibilitado de produzir cenários elaborados para as suas produções teatrais expressionistas, Max Reinhardt confiou nos cenários pintados, nas perspectivas bizarras e nos efeitos de luz para criar o ambiente pretendido e atrair a atenção para as emoções individuais de cada personagem. A implementação de racor no cinema, foi um grande passo também dado por esta corrente, criando assim uma dinâmica de imagem muitíssimo rica e captando assim a concentração do publico na acção.
A obra de F. W. Murnau (1888-1931) é um território imenso, o que significa que de cada vez que se regressa a ela, as hipóteses de surpresa e deslumbramento são mais do que muitas.
Ficha Técnica
Título original: Sunrise: A Song of Two Humans
Realização: F.W. Murnau
Intérpretes: George O`Brien, Janet Gaynor, Margaret Livingston, Bodil Rosing, J Farrell MacDonald
EUA, 1927
Aurora
«Aurora» («Sunrise») é o primeiro filme americano de F. W. Murnau. Realizador muito reputado pelos seus filmes alemães, beneficiou de um orçamento considerável para este filme e do privilégio de escolher a sua equipa.
Oitenta anos passados ainda é considerada uma das mais belas obras da história do cinema.
O filme centra-se na história de um casal (Janet Gaynor / George O’Brien), cujo amor vai ser posto à prova pela emergência de uma terceira pessoa (neste caso a «mulher da cidade» interpretada por Margaret Livingston).
Seduzido por ela, um agricultor tenta afogar a sua mulher, mas desiste no último momento.
Quando a esposa foge para a cidade, ele segue-a, disposto a provar-lhe o seu amor. Depois de alguma resistência, a jovem decide perdoar-lhe, enquanto assistem a um casamento.
Refira-se como curiosidade que Janet Gaynor foi a primeira galardoada com o Oscar de Melhor Actriz, pelo seu papel de esposa neste filme, tendo o filme sido igualmente galardoado na categoria de Qualidade de Produção e Fotografia.
Do ponto de vista estilístico, «Sunrise» pode ser encarado como um objecto cinematográfico que tentava integrar e superar duas artes: o teatro e a pintura.